Síndrome da boca ardente: doença intriga médicos e não tem cura
V3 Assessoria de Imprensa
Conhecida desde o século 19, a síndrome da boca ardente
ainda gera um grande ponto de interrogação entre
especialistas. Sem saber sua causa e com difícil diagnóstico,
a literatura médica aponta as mulheres como a maioria
afetada, mas a doença pode atingir os dois gêneros, variando
de 3,9% a 7% da população em qualquer faixa etária,
segundo estudos científicos recentes.
Não há exames específicos para identificar com clareza a
condição. Por isso, o diagnóstico precisa ser feito por
exclusão. Quando não restam outras possibilidades de
doenças para os sintomas, aponta-se para a síndrome.
“É um quadro no qual os pacientes descrevem os sintomas
com muita clareza, mas quando partimos para a
investigação, não encontramos nada”, comenta Luis
Francisco Duda, otorrinolaringologista do Hospital IPO.
Sintomas incluem dor tipo queimação na mucosa oral e na
língua, alteração no paladar, gosto mais amargo e metálico
na boca e sensação de boca seca.
“É como se a pessoa tivesse comido pimenta. A dor acaba
diminuindo com alimentos frios. Em razão disso, é comum
termos relatos de pacientes que ficam chupando gelo para
amenizar a sensação”, comenta Duda, acrescentando que a
dor dura mais de quatro meses, não é intensa e costuma
aumentar no decorrer do dia, piorando com alimentos
condimentados e quentes.
Mesmo com poucas informações a respeito da doença, a
síndrome da boca ardente tende a afetar mais mulheres
entre 55 e 60 anos, no período pós-menopausa. Segundo o
otorrinolaringologista do IPO, há suspeitas de que as
alterações hormonais nesse período da vida possam ter
relação com o surgimento da ardência bucal.
O especialista também aponta que neuropatias e fatores
psicológicos costumam estar presentes quando o
diagnóstico da síndrome é confirmado.
“Há muitos casos nos quais é relatado um quadro de
ansiedade ou depressão, mas não temos como saber se são
essas questões psicológicas que geram a ardência ou se é o
contrário”, afirma o médico.
Tratamento da síndrome – Para definir um tratamento, é
preciso classificar a síndrome da boca ardente, sendo ela
primária – a que não tem causa ou motivo definido e exige
diagnóstico de exclusão – ou secundária – oriunda de outra
doença, como doença de Parkinson, síndrome de Sjögren,
diabetes, hipotireoidismo ou até mesmo por conta de
deficiência de vitamina B12.
Para o tratamento, é necessário o acompanhamento de
especialistas, como otorrinolaringologistas ou
estomatologistas, especialistas no diagnóstico das doenças
da boca. Dessa forma, afirma Duda, é possível analisar o
perfil do paciente para estipular os próximos passos, visto
que não existe um único medicamento para curar o quadro,
podendo ser indicados de antidepressivos e ansiolíticos a
antioxidantes, passando por fitoterápicos e até mesmo
psicoterapia. Aqui, vale uma das principais máximas da
Medicina: “cada caso é um caso”.
Fonte: Gazeta 24